Primeiro dia do Encontro promoveu debates sobre desafios e oportunidades nas áreas de educação e de novas tecnologias
Momentos de reflexão e de debate sobre tendências e perspectivas no ambiente educacional, a fim de alinhar missão e gestão no Brasil Marista, nortearam os debates da abertura do Encontro Marista de Missão e Gestão da União Marista do Brasil (UMBRASIL) em Porto Alegre (RS). Durante todo o dia, palestrantes falaram sobre Politicas Públicas na área de educação, tendências e desafios na educação básica e superior, além de inovações tecnológicas e suas oportunidades na gestão educacional.

Já na abertura do evento, o diretor-presidente da UMBRASIL, Ir. José Wagner Rodrigues da Cruz, contextualizou a educação dentro de um panorama sociocultural e questionou como educadores maristas poderiam reverter uma situação de fragilidade dentro de um mercado multifuncional, como o da educação. “Dentro do mosaico que é o Brasil Marista hoje, devemos pensar se estamos educando como nosso fundador, Marcelino Champagnat, gostaria que estivéssemos fazendo hoje em dia”, e como integrantes da União Marista do Brasil devemos estabelecer ações para fortalecer a unicidade em nossas metas educacionais”, justificou o diretor-presidente da UMBRASIL.
Pela manhã ocorreu a palestra Cenários do ambiente educacional, com as presenças da Pró-Reitora Acadêmica da PUCRS, Solange Medina Ketzer, e dos diretores das faculdades de Educação, Marcos Villela, e de Física, Ana Maria Marques da Silva, além da professora da Faculdade de Educação Marília Morosini. Nos debates, foram abordados temas como as avaliações realizadas pelo Ministério da Educação nas escolas e universidades, a importância da leitura para a formação da cidadania e a emancipação do sujeito, entre outros assuntos.
Dra. Marília falou sobre as políticas públicas do governo na educação e como elas são refletoras de um determinado contexto histórico-social. No entanto, quanto maior for essa diferença entre as politicas e os contextos, maiores serão as tensões. Segundo ela, há diversos fatores ligados às políticas públicas, tais como: expansão, diversificação, centralização e descentralização, qualidade e avaliação, inclusão e democratização, internacionalização e inovação. No fator centralização, por exemplo, verifica-se o predomínio de políticas de financiamento governamental através de editais orientadores e formatadores de temáticas e metodologias. “Isso acarreta em uma maior centralização na educação superior e, na educação básica, minimiza a descentralização, portanto o governo ainda direciona como fazer a educação”, explicou a coordenadora. No fator da democratização, o governo busca aumentar o acesso e a permanência e, com isso, afastar a evasão escolar e, no da inovação, há a necessidade não somente de implantar novas tecnologias e engenharias, mas de quebrar paradigmas nos métodos de ensino. “temos que fazer com que o aluno seja um questionador e com que a inovação seja uma constante nos métodos de ensino, para isso temos o desafio de obter financiamento, equilibrar massificação com a manutenção de qualidade, contratar professores de nível internacional, e de formar uma cultura acadêmica que se dedica à realidade educacional”, finalizou Dra. Marília.
A professora Solange Medina Ketzer, por sua vez, falou sobre os desafios da educação superior dentro de um cenário contemporâneo, que engloba diversos fatores, tais como a globalização, que tende à diluição de fronteiras econômicas, sociais, culturais, tecnológicas, científicas; responsabilidade diante das demandas sociais, com a participação cada vez mais ativa de camadas desprivilegiadas da população; democratização dos espaços sociais; e a exigência de novas competências para o mundo do trabalho, vislumbrando a necessidade de criar, inovar, planejar, integrar, partilhar, associar, prever, mobilizar-se em múltiplas direções, sem se restringir à mera execução de tarefas. “Ainda há a necessidade em saber cultivar relações interpessoais e em aceitar o erro como elemento sistêmico, além de saber valorizar postura ética nas relações de trabalho”, complementou a palestrante. Segundo Dra. Solange, ainda existe a necessidade de alinhamento conceitual dos gestores: “Os gestores de educação devem conhecer a legislação e os marcos regulatórios, fazer seus planejamentos estratégicos, conhecer projetos pedagógicos e alinhar os setores estratégico e operacional em todos os seus serviços”, ensinou a pró-reitora.

Ao falar sobre educação básica, o filósofo e professor Marcos Villela Pereira fez um recorte sobre as exigências e desafios da Educação Básica. Segundo o professor, os moldes da educação básica precisam ser reinventados. “Devemos priorizar projetos capazes de gerar sujeitos inventivos, participativos, cooperativos e preparados para diversificadas inserções sociais”, demonstrou o professor. Para ele, educar exige cuidado, pois existe todo o desafio em saber lidar com seres humanos dentro de um mundo cada vez mais complexo. “Precisamos fazer com que a escola rompa com a ilusão da homogeneidade, e isso provoca, quase sempre, uma espécie de crise de identidade nas instituições. Não podemos fazer um projeto pedagógico sem homogeneizar, por isso, precisamos aprender a lidar com o heterogêneo para não formar soldadinhos”, justificou Villela.
Logo após, o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Paulo Barone, com mediação do Pró-Reitor de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento, Jorge Audy, tratou dos cenários nacionais e internacionais do ambiente educacional. Barone ressaltou a diferença entre as formações técnicas e universitárias no Brasil, a mobilidade social promovida pela educação e a importância em considerar qualquer tipo de formação vitoriosa. “Nosso País precisa entender que o estudante é um vitorioso, e qualquer experiência, técnica ou acadêmica, é relevante”. O professor falou também sobre avanços e desafios na educação básica, ressaltando a necessária atualização dos currículos e investimentos necessários para a formação de novos docentes. Destacou ainda a dicotomia entre escola e o mundo do trabalho. “É preciso evitar que a visão bacharelesca domine os programas de educação profissional, abrindo caminho para a formação técnica e mais dirigida ao mercado de trabalho”, ressaltou. Barone falou ainda sobre a educação superior e os programas de pós-graduação. “No Brasil aproximadamente 70% do ensino superior é particular, isso demonstra a importância do setor privado para o acesso à educação superior”, confirmou. Segundo Barone, a remuneração no mercado de trabalho entre o graduado e o tecnólogo ainda é muito diferenciada, e o Brasil deveria dar valor a todos os elos da formação educacional, tanto de curta duração, mais focada ao mercado de trabalho, quanto de graduação em nível de bacharelado. “Nossa educação profissional está sendo colonizada por uma visão bacharelesca e desperdiçada dentro desse aparato tão importante da formação profissional”, alertou o professor.
Participantes da UMBRASIL e das Províncias



